sexta-feira, 22 de julho de 2011

Mulher irá de Cuba aos EUA nadando, sem se preocupar com tubarões



Nadadora veterana vai tentar atingir recorde mundial sem jaula
Em Agosto, Diana Nyad, 61 anos, vai atravessar a nado o Atlântico, entre Cuba e Florida. A atleta veterana tem como objectivo percorrer 165 quilómetros em 60 horas. Se atingir a meta, Nyad superará o recorde mundial de nado em oceano, sem jaula, conquistado pela própria em 1979.

Diana Nyad é nadadora de longo curso há cerca de 40 anos. Por um quilómetro, vai fazer-se ao mar com o objectivo de se superar. Trinta e três anos depois de ter percorrido 164 quilómetros de oceano – sem jaula a protegê-la de eventuais correntes oceânicas e de tubarões – de Bimini, no arquipélago de Bahamas, a Júpiter, também na Florida, Estados Unidos, Nyad quer atingir uma meta antiga.

Em 1978, a nadadora tentou fazer a ponte, por mar, entre Cuba e os Estados Unidos - dois países divididos, então e agora, por um embargo económico, decidido em plena Guerra Fria –, mas uma forte corrente oceânica fê-la desistir da maratona após 80 quilómetros e 41 horas e 49 minutos de esforço físico. À altura, foi auxiliada por uma jaula. Em Agosto, vai tentar o feito sem grades. E é essa novidade – enfrentar os tubarões sem protecção – que a fará ultrapassar a façanha de uma nadadora australiana que, em 1997, efectuou o mesmo percurso em apenas 24 horas, mas enjaulada. Com um barco a puxar a jaula, a travessia torna-se mais acessível e rápida.

“Fisicamente, estou mais forte do que antes, embora fosse mais rápida quando tinha vinte e tal anos. Hoje sinto-me forte, poderosa e com sabedoria para lidar com as horas de resistência”, disse Nyad numa entrevista recente ao “New York Times”, acrescentando estar “em forma”.

Os avanços na nutrição dos atletas e nos meios tecnológicos são considerados uma vantagem em relação ao 1978: A cada hora e meia, Nyad fará uma pausa no percurso por poucos minutos para ingerir uma mistura líquida de proteína pré-digerida e blocos de electrólitos em gel, e comer um pedaço de banana ou uma fatia de manteiga de amendoim.

A operação em alto mar envolve, antes e durante, vários actores. O médico desta atleta é um deles e diz estar preocupado com as temperaturas do corpo da atleta e da água, mas não só. Ao “New York Times”, Michael S. Broder, professor clínico associado da Universidade da Califórnia e médico de Diana, acrescenta outras apreensões: “Poderá ela manter-se desperta, concentrada e hidratada?”. Na sequência de variações na reacção do corpo de Nyad à água durante os treinos que precedem o desafio final, o clínico conclui: “Porque nunca ninguém fez alguma vez isto, não é clara a causa de todas estas coisas pelas quais ela tem passado”.

Outros actores integram o grupo responsável pelos preparativos do feito. Quatro especialistas estão incumbidos de estudar as condições climatéricas na preparação da maratona aquática, a partir das previsões meteorológicas até sete dias antes da partida.

Nos treinos, a nadadora que vai desafiar, aos 61 anos, um recorde seu, tem cantado mentalmente canções de Janis Joplin, Neil Young e Beatles, para quebrar a monotonia.

“Nadar é a última forma de privação sensorial. És deixada sozinha com os teus pensamentos de um modo muito severo", afirmou Diana, a poucas semanas do início desta mega maratona, para a qual está a pedir donativos através da Internet, dado que a estrutura desta operação irá custar cerca de 354 mil euros e a organização ainda não arrecadou esse valor.

No que diz respeito à idade com que se vai atirar, em Agosto, ao Oceano Atlântico, para nadar 60 horas quase sem paragens, relativiza: “A geração dos nossos pais, aos 60 anos, considerava-se ‘velha’. Eu estou a meio da meia-idade”.

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